Carmen Miranda: o 'símbolo' latino-americano mais conhecido do séc. XX

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Carmen Miranda era vaidosa, se orgulhava disso, e queria se manter jovem. Encarou duas cirurgias plásticas no rosto (uma delas, no nariz, precisou ser refeita) e assumiu que faria outras no futuro, para olhar o espelho com mais prazer e menos incômodo. Morreu cedo, aos 46 anos. Permaneceu no nosso imaginário como uma artista jovial, que unia graça, sensualidade, feeling musical e exuberância.

Mas a combinação era dosada com uma naturalidade impressionante. Carmen tinha borogodó, para resumir o inexplicável, e de certa forma alcançou a eterna juventude, ao se tornar mito. Aos cem anos de seu nascimento, comemorados segunda próxima, ela continua como uma imagem internacionalmente vigorosa do Brasil e do espírito tropical.

De acordo com a ONU, a cantora e atriz é o “símbolo” latino-americano mais conhecido do século passado. E os primeiros ventos do século XXI, ao que parece, estão longe de diluir as cores dos seus turbantes e chapéus tutti-frutti ou enfranquecer a força dos seus trejeitos.

Seu repertório continua sendo apreciado e revisitado. As marchinhas inesquecíveis e seu canto peculiar estão na memória popular e deixaram marca na música brasileira. Daniela Mercury, por exemplo, vai incluir canções de Carmen no seu próximo disco, como parte das homenagens que presta à artista.

Daniela aumenta uma lista que inclui Nara Leão, Elis Regina, Rita Lee, Caetano Veloso, Marisa Monte, Wanderléa, Eduardo Dusek, Gal Costa, Maria Bethânia, Adriana Calcanhotto, Ney Matogrosso e tantos outros artistas, que passearam pelas canções interpretadas por aquela que foi a cantora mais famosa do Brasil nos anos de 1930.

Estilizada – Foi nessa década que a artista antenada gravou o estrondoso sucesso Pra você Gostar de Mim (Taí), que vendeu 35 mil cópias (fato inédito na época), além outros sucessos como Alô, Alô, Adeus, Batucada, Camisa Listrada, Cantores do Rádio, Tique-taque do Meu Coração, E o Mundo Não se Acabou e a dobradinha No Tabuleiro da Baiana , de Ary Barroso, e O Que É Que a Baiana Tem? , de Caymmi.

As duas últimas ajudaram a consolidar a imagem de baiana da cantora nascida além-mar, que veio para o Brasil com 1 ano de idade (a família fixou residência no Rio de Janeiro). Em 1938, ela vestiu o traje estilizado pela primeira vez, para cantar Na Baixa do Sapateiro, também de Ary Barroso, no Cassino da Urca. No ano seguinte, levou a personagem exótica às telas, com o número O que É que a Baiana Tem?, em Banana da Terra. Repetiu praticamente o mesma performance no cassino, e partiu para fazer carreira nos EUA.

Banana da Terra foi sua última participação no cinema brasileiro. O filme faz parte de uma trilogia – junto a Laranja da China (1940), que reprisa a cena de Carmen, e Abacaxi Azul (1944) – pensada para divulgar as paisagens tropicais e o Carnaval da cidade do Rio de Janeiro .
Das produções cinematográficas do País com Carmen, somente Alô, Alô, Carnaval (1935) não se perdeu, e teve cópia restaurada em 2001. De Banana da Terra, por exemplo, só resta a cena dela com o Bando da Lua, cantando a música de Caymmi. A marcha Pirulito, de Braguinha, em dueto com Almirante, se foi.

Os fãs podem conferir a performance de Carmen no cinema nos muitos filmes que fez nos Estados Unidos, onde chegou a ser a estrela mais rica de Hollywood (em 1945, foi a mulher que mais pagou impostos no país). Entre eles, Serenata Tropical, Aconteceu em Havana, Minha Secretária Brasileira, Copacabana e Uma noite no Rio.

São produções que carimbaram seu passaporte como representante da América Latina e Central e que a encaixavam na atmosfera da “política da boa vizinhança” do governo norte-americano. Eram tempos de guerra. Mas os filmes também deixam claro o magnetismo de Carmen – ela não se dizia atriz, mas entertainer – e, em muito casos, o valor maior da película está na presença da artista.

E sua obra continua despertando tanto interesse quanto sua vida, que, como a de quase todo mito, entra em contradição com sua imagem pública. A performer Carmen exalava alegria, enquanto a mulher enfrentava um casamento fracassado e dependência de álcool e barbitúricos.

A vida conturbada, a relação contraditória que manteve com o público, por conta do seu afastamento do Brasil, e a morte precoce (um colapso fulminante em sua casa em Beverly Hills) ajudaram a construir o perfil mítico de Carmen Miranda, cuja longevidade talvez nem ela mesma previsse.

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100 Anos Carmen Miranda